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Conheça os riscos do consumo de energéticos na adolescência

Com informações do Paraibaonline

No fim do ano passado, um americano foi internado com infecção urinária e uma pedra nos rins do tamanho de um grão de arroz (acredite, isso é o suficiente para causar dores bizarras).

O motivo, disseram, podia ser o hábito cultivado pelo homem de beber dois litros de energético todos os dias, nos últimos 20 anos.

Foi o suficiente para vários pais e mães ficarem alertas: se um adulto de quase 40 anos foi parar no hospital por causa dos energéticos, o que esse tipo de bebida poderia causar nos adolescentes?

Antes de tudo, vamos à lista de ingredientes. Aquele energético mais famoso, o que “dá asas”, diz no rótulo que tem água gaseificada, sacarose, glucose, taurina, cafeína, vitaminas, acidulante ácido cítrico e reguladores de acidez.

O concorrente, da cor do Incrível Hulk, tem os mesmos ingredientes e também xarope de glicose, extrato de guaraná, cloreto de sódio, glucoronolactona, inositol, maltodextrina, aromatizantes, conservadores e corantes. Nada com cara de que saiu direto da natureza para a lata, definitivamente.

Rodrigo Dias de Meira, nefrologista do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), diz que são raros os casos de falência renal por causa do consumo excessivo de energéticos, mas que não é algo impossível de acontecer.

“Na maioria dos relatos, os pacientes ingeriam de cinco a seis latas de energético por dia por várias semanas e, fora isso, não tomavam nada ou quase nada de água ou outros líquidos”, afirma.

Vale lembrar que a recomendação dos médicos é que, a partir da adolescência, se beba cerca de 2,5 litros de líquidos por dia, e os energéticos não entram nessa conta.

Supondo que o jovem consumidor de energéticos seja uma pessoa bem hidratada, ainda assim os problemas não desaparecem.

Começando pela cafeína: ela pode causar efeitos adversos como palpitações cardíacas, tremores, insônia, ansiedade e até mesmo arritmias cardíacas. Quem explica é Thais Mussi, endocrinologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Tomar um energético logo no café da manhã também não é boa ideia, diz a médica —pior ainda em jejum.

“O consumo de cafeína em um estômago vazio pode levar a um aumento repentino nos níveis de cortisol, que é um hormônio do estresse, resultando em maior irritabilidade. Além disso, o aumento repentino de energia seguido por uma queda pode levar à fadiga e à dificuldade de concentração.”

Ou seja, às vezes a ideia de tomar um desses estimulantes para conseguir ficar acordado nas primeiras aulas pode resultar num efeito rebote, com mais cansaço mental e problemas para prestar atenção no professor.

Thais também afirma que muita cafeína ainda pode afetar o crescimento e contribuir para problemas comportamentais, além do risco de dependência.

“Por serem organismos em formação e crescimento, os jovens são mais suscetíveis aos efeitos ruins dos energéticos. Essas bebidas com frequência provocam aumento do batimento cardíaco, dores de cabeça, tremores, dores intestinais, diarreia, além de agitação e ansiedade. Nessa fase da vida, sentimentos de ansiedade já são frequentes, e podem ser muito exacerbados pelo consumo destas substâncias”, diz Anna Dominguez Bohn, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

“Um dos grandes males destes elementos é o impacto no sono, por conta dos sintomas descritos anteriormente. Sono de pior qualidade em um cérebro em desenvolvimento pode ter consequências permanentes. Existem até mesmo relatos de morte súbita e convulsões associadas a esse uso intenso”, afirma a pediatra.

Além da cafeína, a taurina e o açúcar também podem ser vilões. A primeira com efeitos colaterais cardiovasculares e neurológicos, e o segundo com o risco de no futuro ter problemas metabólicos como obesidade e diabetes.

Segundo a endocrinologista Thais, os energéticos devem ser reservados para as ocasiões especiais, e não um hábito diário. Isso porque as diretrizes [sugestões] médicas dizem que crianças e adolescentes deveriam evitar completamente essas bebidas (adultos saudáveis deveriam consumir até 400 mg de cafeína por dia, o equivalente a cerca de quatro xícaras de café).

“Não existem necessariamente marcas de energéticos que sejam ‘menos ruins’ do que outras, mas é importante observar e comparar os rótulos para fazer escolhas mais informadas. Optar por versões sem açúcar ou com adoçantes naturais pode ser uma alternativa mais saudável”, afirma a médica.

Para a pediatra Anna, também é legal que os pais e responsáveis observem seus próprios hábitos.

“Eles são modelo e devem refletir sobre seu próprio consumo para poder orientar e sedimentar o que é falado”, diz.

*Marcella Franco/folhapress


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